blog do Reaprendendo

segunda-feira, 27 de outubro de 2008

Poesia "A queda dos cometas e das folhas silvestres"

"A queda dos cometas e das folhas silvestres"
Aníbal Lemos

No coração das folhas silvestres
Eu posso sentir o ar despencar
Tirando-me a vida e fazendo sufocar
O vento arrancando os pedaços de morte
Da árvore despejando seus frutos podres

Na fina chuva que toca meu rosto
Eu posso imaginar que me tira o excesso
De sujeira por todas as coisas más em que me meti
Retirando as camadas de minhas várias faces
Apenas restando a caveira que me deixei tornar

Eu me atirei no seu mar despindo-me da sensatez
Com as artérias inflamadas cheias de inocente vida
O meu sangue misturou-se ao líquido de teus quadris
E teus cabelos amarraram os membros da minha solidão
E eu mergulhei fundo no deserto aquático do amar

Na constelação do ardente desejo de viver
Existem estrelas que brilham sem sair do lugar
Outras precisam viajar ferozmente ao centro da terra
Estilhaçando-se junto ao solo apenas para sentir
A alegria da viagem e a dor de deixar de existir

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